Promover o intercâmbio de conhecimentos entre as partes envolvidas

Além de ser fundamental para construir laços e confiança entre as partes interessadas, através do uso de técnicas de Pesquisa de Ação Participativa, a partilha de conhecimento está no centro de qualquer rede de políticas públicas, como resultante dos processos de diálogo do INSPIRED. Na verdade, o recurso que é mais frequentemente trocado entre os nós de uma rede é a informação. Intangível como é, o capital de conhecimento é um dos ativos mais procurados, quando se participa em redes e, portanto, determinará a durabilidade e sustentabilidade, a longo prazo, de qualquer esforço coletivo.

O conhecimento pode ser partilhado, transferido ou criado, o que define o tipo de relações que podem ser progressivamente estabelecidas entre as partes interessadas. Dada a sua natureza estratégica - como disse Thomas Hobbes no seu Leviatã: conhecimento é poder - estas trocas são governadas pela reciprocidade ou interesse mútuo, o que explica porque também devem ser mediadas por um facilitador de confiança.

Além disso, o conhecimento pode servir diferentes propósitos dependendo do seu conteúdo - descritivo, explicativo, normativo, subjetivo - ou assumir diferentes formas - documentos, relatórios, diagramas, etc. - mas na maioria dos casos a sua credibilidade e confiabilidade também é determinada pelas relações de poder. Por exemplo, funcionários públicos tenderão a privilegiar indicadores e estatísticas, por causa da sua suposta objetividade, enquanto tendem a descartar ou negligenciar outras formas de evidência qualitativa e/ou subjetiva, que podem ser fundamentais para avaliar a eficácia das políticas (experiência do usuário, empoderamento da comunidade, etc.). Contudo, estes outros tipos de conhecimento devem ser incorporados na equação, para que a política seja verdadeiramente inclusiva e participativa. Consequentemente, os processos de diálogo político devem procurar integrar três tipos de conhecimento: conhecimento baseado em pesquisa - produzido por cientistas, grupos profissionais e acadêmicos; conhecimento informado na prática - gerado por organizações, grupos ou instituições locais ao abordar as questões específicas; e conhecimento cidadão - que emerge de cidadãos, organizações da sociedade civil ou grupos indígenas, com base na sua experiência, em primeira mão, do problema em questão. É por isso que o Centro de Estudos Políticos, anfitrião do Diálogo INSPIRED no Quirguistão, decidiu dar mais um passo em frente e lançar um processo de consulta online, para recolher feedback de pessoas com deficiência em todo o país, para alimentar as discussões em curso com as autoridades públicas em Bishkek.

Até à data, uma parte significativa da investigação, necessária para desenvolver Análises Participativas de Políticas Públicas, foi realizada por peritos locais contratados para este fim, no sentido de evitar sobrecarregar as partes envolvidas com trabalho extra. No entanto, sempre que o financiamento da pesquisa estiver disponível, o anfitrião do diálogo poderá convidar as partes envolvidas no processo de diálogo a desenvolver um planejamento conjunto de pesquisa e divisão de trabalho, no qual diferentes organizações realizam a pesquisa, conforme acordado coletivamente pelos participantes no processo. Isso aumentaria a propriedade das partes interessadas sobre os produtos resultantes de tal pesquisa, ao mesmo tempo em que abriria mais pontos de entrada para aqueles outros tipos de conhecimento que muitas vezes são negligenciados.

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